Os alunos da Escola Técnica Pandiá Calógeras – ETPC tiveram a oportunidade de conhecer projetos de todo o Brasil na 17º edição da FEBRACE (Feira Brasileira de Ciências e Tecnologias) e na 3º edição da FIC (Festival de Invenção e Criatividade), na Universidade de São Paulo – USP, em São Paulo, no período de 19 a 21 de março.
A FEBRACE, sediada no Inova USP, é a maior feira pré-universitária do país e tem o objetivo de estimular a cultura, o empreendedorismo e a inovação na educação básica e técnica, despertar vocações desconhecidas ou já proliferadas nos alunos e induzir práticas pedagógicas a serem aplicadas nas escolas. O evento contou com mais de 330 projetos este ano. Ao conhece-los, os alunos da ETPC identificaram elementos em comum aos aprendidos nos cursos técnicos e se inspiraram para desenvolver trabalhos ao longo do ano.
Já as atividades da FIC aconteceram no Centro de Difusão Internacional da USP, prédio ao lado da FEBRACE. A intenção do festival é incentivar a educação através da “mão na massa”. Isso pode ser feito pelos estudantes com os diversos materiais e ferramentas à disposição deles, para criar experimentos e invenções, a partir de uma ideia apresentada.
O grupo, que incluiu alunos do 1º ano, foi acompanhado pelo coordenador e professor dos cursos de Eletromecânica e Administração, Joaquim Lopes. “Eles tiveram contato com instituições e escolas de norte a sul do país e puderam perceber a metodologia na criação de projetos. É importante notar também a produção de artigos científicos, juntamente com os projetos, uma vez que os alunos estão no mesmo patamar que os que apresentaram”, conta o educador.
A criadora do detector de glúten para pessoas com doença celíaca, Maria Clara Merigue, do Paraná, demorou dois anos para desenvolvê-lo com o auxílio de dois orientadores – um ano para pesquisas, outro em laboratórios. O objetivo da ferramenta é ajudar a mais de 69 milhões de pessoas com um solvente que identifica a presença de glúten nos alimentos pela coloração e separa a parte tóxica da não-tóxica para consumo. Visando o acesso democrático, 20 unidades do produto seriam comercializadas em torno de 7 reais.
Uma das atrações da FIC foi o projeto Ligue o Fusca, criado por um grupo de cinco pessoas na FabLab Livre, na Galeria Olido, em São Paulo. De acordo com uma das fundadoras, a uruguaia María Del Carmen Sforza, a intenção é capacitar os alunos a piscarem as luzes do Fusca com programação nos computadores, usando a plataforma Arduino e um kit elétrico, contendo luzes LED e cobre.
“Nós temos que mudar nossa posição de meros usuários de tecnologia à autores. Vamos desenvolvendo diferentes abordagens da vida particular, aprendendo a resolver problemas, persistindo quando algo não dá certo”, afirma María, dizendo ainda que o projeto está rodando vários lugares do mundo.
As feiras são patrocinadas por instituições e empresas renomadas, como Petrobrás, Samsung, INTEL Foundation e Marinha, que montaram estandes interativos nos prédios para apresentarem suas metodologias e a identidades, como uma forma de despertar o interesse de jovens que estão prestes a entrar no mercado de trabalho.
No espaço destinado à Petrobrás, era possível assistir à vídeos de histórias motivacionais dentro da empresa, que obtêm resultados constantes. A aluna Amanda de Souza Castro, do 1º ano em Química, participou de uma das dinâmicas, compartilhando o projeto que mais identificou recursos químicos utilizados.
Francielly Rodrigues, aluna de um centro de incentivo à pesquisa, em Moju, Pará, apresentou uma casa construída à base de caroços de açaí como uma alternativa segura, sustentável e acessível aos periféricos amazonenses.
Pedro Lucas, do 2º ano em Eletromecânica, disse que gostou do projeto no qual uma célula emite corrente elétrica através de pressão. “Toda parte elétrica que o projeto trouxe, eu já havia visto na ETPC, então ficou muito mais fácil de entender o conteúdo que estavam tentando me passar. Achei uma ideia muito legal para ser aplicada no Conheça ETPC usando a base que já temos”, compartilha o estudante.
Já Adrielli Rodrigues de Lima, do 1º ano de Mecatrônica, gostou mais de uma centrífuga capaz de depositar materiais líquidos e pastosos durante o processo de fabricação de PCIs (Placa de Controle para Instalações). “Foram usados materiais que temos em casa, como potes de nossas mães, tubetes de festas, caixa de madeira e um potenciômetro para regular a velocidade. Seria muito bom desenvolver uma dessas, porque o pessoal de Química usa bastante para fazer decantação e poderia aplicar também nos outros cursos para aprendermos a montar”, afirma a aluna.